Prefeitura de São
Jerônimo da Serra cria ‘mensalino’ para descio de verba
Todo mês, grupo de
vereadores de cidade do Paraná podia pegar até R$ 1.000 em combustível nos
postos integrantes do esquema para uso particular
A novela "O Bem-Amado", mostrava com
humor as falcatruas do prefeito Odorico Paraguaçú na cidade de Sucupira. Não
por acaso, "Operação Sucupira" foi o nome dado a uma investigação do
Ministério Público que prendeu 18 pessoas de São Jerônimo da Serra, uma cidade
do norte do Paraná. Entre as pessoas presas, o prefeito.
A principal acusação contra a quadrilha é desvio
de dinheiro público. Por isso o repórter Eduardo Faustini foi a São Jerônimo da
Serra perguntar: Cadê o dinheiro que tava aqui?
A cidade está toda pichada, um ato de vandalismo
que mostra a revolta da população contra o prefeito Adir Leite. Quarenta
denunciados. 18 presos. São Jerônimo da Serra, norte do Paraná. Eduardo
Faustini (reporter), mostra um depósito de carros velhos, que não têm mais
condições de rodar. Mesmo assim, um caminhão que está no local é o campeão de
abastecimento no posto de gasolina da cidade. Na realidade, o caminhão nunca
rodou.
Entre as falcatruas cometidas em São Jerônimo da
Serra, está o uso de um carro-fantasma. Uma sucata, mas, para todos os efeitos,
era abastecida regularmente e quem pagava o combustível era o contribuinte. Uma
Kombi que nem motor tem também era abastecida no posto.
Às 3h, faz frio. Mas os pacientes que vivem no
bairro não têm escolha. “Vou fazer endoscopia lá em Londrina, na clínica”, diz
uma senhora. “Tem que acordar de madrugada e tem que esperar a condução e tem
que ir com essa condução”, diz uma outra mulher.
Repórter: A senhora está indo para onde?
Senhora: Para Londrina.
Repórter: Para quê?
Senhora: Dentista.
Repórter: E a única maneira é essa?
Senhora: É, porque dentista-pediatra é lá.
Segundo as investigações do Gaeco, o Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, o então
prefeito Adir Leite empregou a esposa, Silvana, o filho Adicarlos e a noiva do
filho, Aline. Essas e outras nomeações formaram a base da quadrilha que passou
a mão no dinheiro público.
Uma das formas de desvio de dinheiro público era
um "mensalinho" pago pela prefeitura a um grupo de vereadores. Todo
mês, eles podiam pegar até R$ 1.000 em combustível nos postos integrantes do
esquema para uso particular. Não era para abastecer carro oficial da Câmara.
”Portanto, era dinheiro público, que foi
empregado em proveito de particulares, os próprios vereadores, para os
interesses deles mesmos”, afirma o promotor Cláudio Esteves, coordenador do
Gaeco, Londrina - PR.
Para esconder o esquema, as placas dos carros da
prefeitura que estão sucateados é que apareciam na despesa, como se fosse a
frota da prefeitura sendo abastecida. Quem autorizava os abastecimentos era
Aline Moreira, a noiva de Adicarlos, filho do prefeito. Em um telefonema
gravado com autorização da Justiça, Aline conta ao noivo que está usando essas placas
todos os dias: “Todo dia, no final do dia, eu pego umas placas”, ela diz. Em um
outro telefonema, o vereador Amarildo Bueno pede pneus ao prefeito Adir Leite.
Como Odirlei Nigra, dono de um posto de gasolina
e de um supermercado. O valor de todos os contratos que ele tinha com a
prefeitura era de quase R$ 2 milhões. Mais um empresário: Sergio Loreto. Ele é
fornecedor de merenda escolar. Com contratos, no ano passado e neste ano, no
valor de pelos menos R$ 329 mil.
Com esse desprezo pelos recursos públicos, quem
sofre, claro, são os mais fracos, justamente os alunos da escola que recebe a
merenda.
“A gente só toma chá e bolacha, todos os dias”,
contam duas alunas.
E as condições da escola?
“A sala fica toda molhada. Quando faz sol, fica
muito quente”, conta uma das alunas.
Leia na íntegra:
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