
Neste
particular, me parece absolutamente oportuno falar a respeito da fuga do Sr.
Henrique Pizzolatto, ex-diretor do Banco do Brasil, para a Itália. Quis o
destino que este senhor, cidadão italiano, fosse preso naquele país por
utilizar o passaporte de seu irmão falecido há 35 anos. Ora, como cidadão
italiano, não bastaria um BO e a solicitação de um novo passaporte caso se tratasse
mesmo de “um assalto”? Por
que alguém de boa-fé fugiria do Brasil levando o passaporte do irmão falecido
caso não premeditasse ocultar sua real identidade. Não é demais lembrar que há
denúncias de que o falecido teria comparecido às urnas anos após sua morte,
evidenciando, aí, crimes anteriores. Parece-me que aí há indícios claros de que
a sua fuga foi algo urdido por uma organização criminosa que planejou
criteriosamente sua fuga. Pessoas que não gostariam que toda a verdade viesse à
tona. Tudo isso sugere que este senhor sabe muito mais do que foi relatado ao
judiciário. Se a mentira tem pernas curtas, no caso de Pizzolatto, não passam
de cotocos.
Ao
contrário do que aconteceu no caso Cacciola, as autoridades italianas estão
dispostas a colaborar com a Justiça brasileira compartilhando as informações
colhidas durante a prisão de Pizzolatto, quem sabe até extraditando-o. Mas,
para isso, é necessário que haja vontade política do governo brasileiro, ou
para que ele seja extraditado ou para que ele cumpra suas penas naquele país
(custo para eles). Entretanto, o que se vê são personalidades importantes da
base governistas (suspeitos de corrupção!) promoverem e participarem de
“vaquinhas” (ações entre amigos, quiçá cúmplices!) para pagar multas
instituídas pelo Supremo Tribunal
Federal, retirando-lhe a competência de punir os criminosos ou a
atitude pedagógica de fazê-lo (senão for dinheiro público distribuído por
laranjas!), mensaleiros cumprindo suas penas em prisão domiciliar, enquanto
milhares de cidadãos brasileiros, justa ou injustamente, verdadeiramente
apodrecem em penitenciárias sem assistência médica, judiciária ou simplesmente
água mineral; a ação de mercenários cibernéticos que tentam impedir a livre
manifestação da população em redes sociais, e por aí vai.
O povo brasileiro precisa de justiça real. Não
precisamos sediar Copas ou Jogos Olímpicos; pelos maus exemplos, já somos
vitrine. Não queremos mais portos no exterior, mas eficiência dos portos
nacionais e menos impostos; tampouco precisamos de bolsas disso ou daquilo, mas
salários dignos e uma política real de distribuição de renda. Não queremos
“democracia” na educação, mas simplesmente uma educação pública de qualidade e
valorização dos educadores. Não necessitamos de cotas, mas de igualdade real.
Não queremos “mais médicos”, mas uma real atenção à saúde da população. Não
queremos reparação de erros do passado, mas o fim da escravidão real em pleno
século XXI (os médicos cubanos ou, pior, as crianças brasileiras que trabalham
em carvoarias entre tantos outros exemplos). Queremos o fim de uma polícia
truculenta a serviço do estado, mas sim uma polícia desmilitarizada e cidadã, a
serviço do povo.
Por fim, precisamos, sim, que a justiça seja
feita sem regalias, que as leis sejam cumpridas, que esse senhor Pizzolato, não
o morto, mas o vivo, seja repatriado e, finalmente, conte tudo o que sabe à
Justiça, afinal seu destino parece mesmo ficar preso. Se não for por nós, por
uma geração que já naturalizou a corrupção, a falta de ética, de caráter que
seja por nossos filhos e netos para que um dia orgulhem-se de ser brasileiros.
Fonte: Congresso em Foco
Texto de: Carlos Frederico Nalepinski
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